
TGV: LusoLav pede desculpas em Espinho e quer negociar com afetados
15/04/2025O consórcio LusoLav, responsável pela construção da futura linha de alta velocidade entre o Porto e Oiã, esteve esta segunda-feira em Espinho para uma sessão de esclarecimento à população. Rui Guimarães, administrador do consórcio, começou por pedir desculpa pela forma como a empresa abordou os moradores, sobretudo aqueles que poderão ser alvo de expropriação.
“Pedimos desculpa à Câmara e à população de Espinho pela forma como entrámos no território”, afirmou, reconhecendo que houve “descoordenação interna”, o que gerou várias críticas – incluindo abordagens feitas ao fim de semana – amplamente divulgadas pela comunicação social.
Apesar disso, LusoLav quer iniciar conversas com os proprietários antes da aprovação final do RECAPE – o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução – cuja aprovação está prevista para 24 de outubro. Ainda assim, Rui Guimarães sublinhou que qualquer contacto antes dessa data será “condicional”, uma vez que a Agência Portuguesa do Ambiente poderá impor alterações ao projeto.
Na sessão, que juntou mais de 200 pessoas no Centro Multimeios de Espinho, foram levantadas várias preocupações: desde os critérios de avaliação das propriedades à falta de alternativas para moradores afetados, passando pelo impacto ambiental e social da obra.
A presidente da Câmara de Espinho, Maria Manuel Cruz, mostrou-se preocupada com a descaracterização do território e reforçou a luta do município pelo aumento do número de túneis no traçado. Já a vereadora do PSD, Lurdes Ganicho, alertou que existem diferentes metodologias construtivas que poderiam minimizar o impacto da obra.
O consórcio apontou que há 95% de probabilidades do traçado apresentado agora ser o mesmo que será submetido a avaliação ambiental. O objetivo é iniciar as obras já em janeiro de 2026.
Recorde-se que este projeto continua envolto em polémica: além das críticas em Espinho, o consórcio também propôs alterações à localização da futura estação de Gaia e a construção de duas pontes sobre o Douro, mudanças que não foram comunicadas à Câmara do Porto nem ao Governo.
Foto: EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
Notícia desenvolvida por: Matilde Cardoso