Maia: Associação “A Causa da Criança” em risco de encerrar por falta de verbas

A Associação “A Causa da Criança”, sediada na Maia, está a atravessar uma situação financeira crítica e corre o risco de encerrar as portas. A instituição é, atualmente, “casa” para 17 crianças provenientes de contextos familiares difíceis, referenciadas pelos Tribunais ou pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).

Lucinda Monteiro, presidente da associação, descreve um cenário preocupante:

“Já tivemos de nos socorrer do apoio de pessoas para nos emprestar dinheiro para comprar carne e peixe. Isto nunca aconteceu. Felizmente não temos dívidas, mas estamos com muita dificuldade. Queríamos evitar deixar de pagar os ordenados, mas isso pode acontecer.”

Em 18 anos de existência, a instituição já acolheu cerca de 300 menores e sobreviveu, em parte, graças a uma “almofada” de donativos que permitia equilibrar as contas. No entanto, essa reserva financeira está agora a esgotar-se, colocando em causa o funcionamento diário e o cumprimento das obrigações salariais.

Segundo Lucinda Monteiro, o protocolo com a Segurança Social garante um apoio mensal de 31 mil euros, mas esse montante é insuficiente face às despesas:

“Temos 21 mil euros para pagar em ordenados e mais oito mil euros para impostos e Segurança Social. O subsídio não cobre os custos totais. O 13.º mês e o subsídio de férias têm de sair da tal ‘almofadinha’ que já está a acabar.”

Para conseguir dar resposta às necessidades educativas, psicológicas e básicas das crianças — como alimentação, energia ou combustíveis —, a instituição precisaria de mais 10 mil euros mensais.

A associação já solicitou apoio financeiro à Câmara Municipal da Maia, mas, até ao momento, nem a autarquia nem a Segurança Social responderam ao pedido de esclarecimentos.

Se não surgir uma solução a curto prazo, “A Causa da Criança” poderá ser forçada a encerrar, deixando sem resposta 17 crianças que ali encontraram um refúgio e uma oportunidade de recomeço.