
Jornalistas em greve esta quinta-feira após mais de 40 anos
14/03/2024(Texto de Mariana Carrilho)
O Sindicato dos Jornalistas agendou uma greve para o dia de hoje, 14 de março, que está a registar grande adesão, com mais de 30 órgãos de comunicação social parados e uma dezena com perturbações nos serviços.
Até ao momento, os órgãos de comunicação que estão parados devido à greve são: 7Montes, 7Margens, Activa, Almada Online, Caras, Barlavento, Diário da Lagoa (Açores), Jornal do Algarve, Jornal do Ave, Jornal do Fundão, Jornal do Centro, Maré Viva (Espinho), Lisboa Para Pessoas, Notícias do Sorraia, PressTur, Radio Caria (Belmonte), Rádio Cova da Beira (Fundão), Rádio Covilhã, Reconquista (Castelo Branco), RTP Castelo Branco, Rádio Universitária do Minho, Setenta e Quatro, Setubalense, Shifter, Sul Informação, Voz do Operário, O Notícias da Trofa, TrofaTV, Agência Lusa, Coimbra Coolectiva, Fumaça, MédioTejo, Notícias da Covilhã, ODigital.pt (Vila Viçosa), Rádio Asas do Atlântico, Rádio Club de Angra, Rádio Pico, RTP Madrid, RUM e Visão.
Embora não completamente parados, o DN, O JOGO, o JN, o Notícias da Covilhã, a Rádio Renascença, a Rádio SBSR, a Região de Leiria, a Rádio Regional, a RTP, a SIC Notícias, a TSF e o PÚBLICO poderão apresentar falhas na programação.
A data 14 de março não foi escolhida de forma aleatória. A greve teria de ocorrer num período durante o qual o Governo ainda estivesse a ser formado, porém decidiram não a colocar no mesmo dia que as eleições “porque era um momento importante para a democracia” e não queriam interferir com ele, revelou Luís Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas.
“Nós não fazemos greve há 40 anos e nesses últimos anos houve uma degradação enorme da profissão de jornalista, a nível salarial é outro mundo, os salários são hoje muito baixos. Estamos a falar de um salário médio na ordem dos mil euros”, referiu Luís Simões.
De acordo com o presidente, o jornalismo “é a profissão cuja precariedade além de regra, é maior do que em qualquer outra”. “Isto bastaria para fazer uma greve. Mas não é só isso, temos redações com cada vez menos pessoas, a fazerem mais, ou seja, as pessoas que ganham cada vez menos têm três vezes mais trabalho e têm que dominar imagem, escrita, em muitos momentos som e edição e pagam-nos o mínimo”, declarou o mesmo.
Relativamente à adesão à greve, Luís Simões enfatizou que “a cada hora que passa e a cada chamada” que recebe “torna-se mais forte a convicção de que esta greve vai ter uma adesão muito grande, por muitas manobras que estejam a ser feitas, por muitas empresas que procuram que o sindicato não fale com os jornalistas, por muitas invenções que arranjem maneira de por pessoas a trabalhar”.
O presidente do Sindicato afirmou que uma das reivindicações é o pedido de “um aumento a rondar os 10% para cobrir a inflação acumulada nos últimos dois anos”.
Ao poder político serão reivindicadas propostas de apoio ao jornalismo, como por exemplo, a implementação de um voucher para usar em assinaturas de jornais, ou apoios no campo fiscal.
No Porto, pelas 12h00, teve início a concentração relativa a esta greve na Praça General Humberto Delgado.
Foto: DR Sindicato dos Jornalistas