“Desporto no Bairro” juntou  100 crianças dos Bairros do Porto. Ramalde participou com quatro bairros.

“Desporto no Bairro” juntou 100 crianças dos Bairros do Porto. Ramalde participou com quatro bairros.

05/11/2022 0 Por Angelo Manuel Monteiro

Decorreu esta sexta-feira (04 de novembro) o espetáculo final do “Desporto no Bairro” no palco da Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota.

O projeto de inclusão juntou, este ano, cerca de mil crianças de 17 bairros da cidade do Porto a praticar as atividades olímpicas de breaking, surf, skate e street basket.

O “Desporto no Bairro” arrancou durante a pandemia, em 2020, e este ano reuniu quase um milhar de crianças e jovens de 17 bairros do Porto – Lagarteiro, Cerco, Pasteleira, Pinheiro Torres, Fonte da Moura, Aldoar, Contumil, Pio XII, Agra do Amial, S. Tomé, Fontainhas, Miragaia e Sé – na prática de quatro modalidades olímpicas com a missão de lutar pela inclusão, explicou o coordenador do projeto, Max Oliveira.

A freguesia de Ramalde esteve representada pelos bairros de Ramalde do Meio, Viso, Francos, Central de Francos. Na plateia a assistir esteve a Presidente da Junta de Freguesia, Dra. Patrícia Rapazote.

Em entrevista à agência Lusa, Max Oliveira, bailarino, coreógrafo, fundador da Momentum Crew, o primeiro grupo profissional de dança urbana em Portugal, assume que “basta mudar uma vida para valer a pena o projeto” e explica que o Desporto no Bairro, um projeto apoiado pela Câmara do Porto, funciona para a inclusão e para “combater o ‘bullying’, descriminação social, a misoginia instalada e toda uma série de preconceitos”, porque o projeto “cria experiências de vida” e pode mesmo “mudar vidas” de muitos meninos e meninas que vivem em bairros do Porto.

Este ano, o Desporto no Bairro levou quatro modalidades olímpicas – breaking, skate, surf e, pela primeira vez, o street basket – a 17 bairros do Porto, colocando crianças e jovens entre os “6 e os 22 anos” a praticar aqueles desportos da família olímpica.

“Esta iniciativa marca a diferença pela parte inclusiva e eu acho que é extremamente importante para eles, porque são muitos os jovens que nunca tiveram acesso a estes tipo de modalidades e muitos deles nem veem como um possível caminho, porque não conhecem. É a velha história de que muitas vezes, aos caminhos alternativos, não lhes é dada importância e às vezes (…) são uma solução para uma vida digna para muitos deles”, observa Max Oliveira.

O espetáculo final da terceira edição do programa municipal Desporto no Bairro aconteceu quinta-feira à noite no Pavilhão Rosa Mota, e juntou em palco dezenas de crianças e jovens que mostraram as várias modalidades e práticas, como o beatbox, breaking, street basket, skate dance e coreografias com pranchas de surf.

O Desporto no Bairro começou por oferecer apenas aulas de breaking em quatro polos que abrangiam oito bairros sociais do Porto – Aldoar, Fonte da Moura, Viso, Ramalde, Cerco, Lagarteiro, Pasteleira e Pinheiro Torres – em que participaram cerca de 600 jovens. Nessa primeira edição, a modalidade de breaking tinha acabado de obter a confirmação para participar no programa dos Jogos Olímpicos em 2024 em Paris.

Na segunda edição, as modalidades passaram a ser três (breaking surf e skate), os bairros englobados subiram para 14 e participaram um total de 800 jovens.

Max Oliveira revela que ao longo do projeto o que mais sentiu foi a “gratidão” que todas as crianças e jovens revelam ao poderem participar no Desporto do Bairro.

“Aquilo que eu sinto, claramente, da grande maioria, é que estão agradecidos (…). Eles são realmente agradecidos. Agradecem a oportunidade, agradecem a partilha e além disso demonstram muito carinho e muito afeto. Eu costumo dizer que das melhores coisas que tenho com estes jovens é que cada vez que eu entro num bairro da cidade do Porto, mal me veem vêm a correr, chamam-me e dão-me um abraço. Isso é algo que se conquista. Não se impõe”, conta Max Oliveira, que muitas vezes confessa que se sente não só professor, mas também “amigo”, “psicólogo”, “mentor”, “líder”, “exemplo” para esta comunidade e para os caminhos profissionais que possam vir a ter.