Comprar casa no Porto exige maior esforço financeiro do Norte — Maia é o concelho mais acessível entre os vizinhos

Comprar casa no Porto exige maior esforço financeiro do Norte — Maia é o concelho mais acessível entre os vizinhos

07/10/2025 0 Por Rmetropolitana

O Porto é o concelho do Norte onde comprar casa representa o maior esforço financeiro para quem ali trabalha, segundo os dados mais recentes da Pordata, divulgados nas vésperas das eleições autárquicas de 12 de outubro. Já entre os cinco municípios geograficamente mais próximos da cidade, é na Maia que esse esforço é menor.

De acordo com o retrato municipal elaborado pela Pordata — o portal estatístico da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) —, os preços medianos de venda de habitações novas no concelho do Porto atingiram, em 2024, os 3.250 euros por metro quadrado. No caso dos imóveis usados, o valor desceu para 2.757 euros por metro quadrado.

Isto significa que um apartamento novo com 100 metros quadrados na cidade terá custado, em média, 325 mil euros. Já uma habitação usada com a mesma área terá sido transacionada por 275.700 euros.

Tendo como referência os rendimentos dos trabalhadores por conta de outrem, o esforço financeiro necessário para adquirir uma casa é particularmente elevado no Porto. Em 2023, o ganho médio mensal no concelho foi de 1.761,4 euros. Multiplicado por 14 retribuições anuais, o rendimento bruto anual fixou-se nos 24.659,6 euros. Nestes termos, comprar uma casa nova no Porto exigiria o equivalente a 13,2 anos de salário, enquanto uma usada representaria 11,2 anos de rendimentos.

Entre os municípios limítrofes — Matosinhos, Maia, Gaia, Trofa e Espinho — a realidade é bastante distinta, com a Maia a destacar-se como o território onde é mais “fácil” comprar casa, do ponto de vista do esforço financeiro.

Na Maia, apesar de ser o terceiro concelho com os salários médios mais altos (1.524,7 euros por mês), os preços medianos da habitação são os mais baixos entre os seis municípios analisados. Em 2024, o valor por metro quadrado de uma casa nova na Maia era de 2.333 euros, e de uma usada 1.899 euros. Assim, uma casa nova com 100 metros quadrados custaria 233.300 euros e uma usada 189.900 euros. A aquisição de um imóvel novo implicaria 10,9 anos de salários e uma casa usada exigiria apenas 8,9 anos — menos dois anos de rendimento do que no Porto.

Nos restantes concelhos, os valores de esforço variam, mas continuam a mostrar um contraste claro com a capital do Norte. Em Matosinhos, o metro quadrado de uma casa nova situava-se nos 3.064 euros, em Gaia nos 2.564 euros, em Espinho nos 2.505 euros e na Trofa nos 1.566 euros.

Já no ranking dos salários, o Porto lidera, seguido de Matosinhos e Maia. Vila Nova de Gaia apresenta um rendimento médio de 1.392,3 euros mensais, a Trofa 1.342,4 euros e Espinho surge na última posição com 1.244,2 euros por mês.

Demograficamente, Vila Nova de Gaia é o concelho mais populoso da região, com 312.984 habitantes, ocupando o terceiro lugar a nível nacional, apenas atrás de Lisboa e Sintra. O Porto, com 252.687 residentes, é o quarto concelho mais populoso do país. Também no que toca ao emprego, Porto e Gaia lideram: o primeiro com 119.258 trabalhadores por conta de outrem, o segundo com 56.955. No extremo oposto, Espinho emprega apenas 4.663 pessoas.

A crise da habitação, em especial nas zonas urbanas mais pressionadas pelo mercado imobiliário, tem dominado a agenda política local nesta reta final da campanha autárquica. Em municípios como Porto, Gaia e Matosinhos, a par de temas como mobilidade e higiene urbana, a acessibilidade à habitação é apontada como a principal preocupação dos eleitores e um dos grandes desafios para os futuros executivos camarários.

Foto: DR