Associação Alma Stop do Centro Comercial Stop no Porto Reclama Falta de Diálogo com Administração e Autarquia

Associação Alma Stop do Centro Comercial Stop no Porto Reclama Falta de Diálogo com Administração e Autarquia

08/06/2024 0 Por Angelo Manuel Monteiro

A associação de lojistas, músicos e artistas Alma Stop, do Centro Comercial Stop, no Porto, manifestou nesta sexta-feira preocupação com a falta de diálogo por parte da administração do centro e da Câmara Municipal do Porto (CMP). A associação teme que os músicos possam não ser “bem-vindos” no futuro.

“Os interesses dos músicos não parecem estar a ser salvaguardados, uma vez que nem a CMP nem a Administração do CC Stop mostram interesse em dialogar formalmente, o que é preocupante para a comunidade dos músicos que há mais de 20 anos mantêm e utilizam o espaço”, referiu a Alma Stop em comunicado.

De acordo com a associação, várias tentativas foram feitas nos últimos meses para reunir e comunicar com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o vereador Ricardo Valente, responsável pelos pelouros da Economia, Emprego e Empreendedorismo, Finanças, Atividades Económicas e Fiscalização, mas sem sucesso.

A última reunião com Ricardo Valente ocorreu em 28 de novembro de 2023, onde foram discutidas questões de cargas e descargas. No entanto, a autarquia esclareceu que estas questões não são de sua responsabilidade, remetendo-as para o relacionamento entre a associação e o condomínio.

A autarquia destacou que o futuro do edifício depende da resolução das saídas de emergência, de um novo projeto de arquitetura e de uma vistoria da Proteção Civil, que a Alma Stop diz aguardar “ansiosamente”. Foi também informado que as partes se reunirão brevemente.

Os proprietários do Centro Comercial Stop têm em curso um projeto de reabilitação para transformar alguns espaços em um ‘coworking’ cultural, conforme afirmou Ricardo Valente. A CMP também aguarda o desfecho de uma litigância entre privados para avançar com a compra dos cinemas.

Sobre a escola Pires de Lima, solução apresentada pelo município aos músicos como alternativa ao Stop, o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, informou que a equipa projetista já foi contratada e que o projeto está sendo desenhado para uma execução faseada.

A Alma Stop manifestou preocupação com a compra de várias salas a preços elevados e a instalação de atividades não culturais, o que pode “desvirtuar” o espaço de trabalho dos músicos. A associação questiona como a classificação do edifício como monumento de interesse municipal contribuirá para a permanência dos músicos e como a aquisição dos cinemas pela CMP ajudará economicamente o CC Stop.

A associação alerta para a sensação de que os músicos podem não ser bem-vindos a médio/longo prazo e que há uma movimentação para a gentrificação do CC Stop, transformando o centro de forma que a comunidade artística se torne estranha no espaço que ela própria criou.

O Stop, que funcionava principalmente como salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das suas frações serem seladas em 18 de julho de 2023, deixando quase 500 artistas e lojistas sem alternativas. Reabriu a 4 de agosto, com um carro de bombeiros à porta, e atualmente está a funcionar por tempo indeterminado devido a uma providência cautelar dos proprietários contra a decisão de encerramento pela câmara.

Foto: DR