Supermercados Pingo Doce, Lidl e Continente Bom Dia acusados de tentarem travar greve e de violar a lei da Greve

O Sindicato dos Trabalhadores das Grandes Superfícies, Armazéns e Serviços de Portugal (STGSSP) acusa três grandes cadeias de distribuição — Pingo Doce, Lidl e Continente Bom Dia — de terem tentado mitigar os efeitos da greve geral desta quinta-feira, alegadamente substituindo trabalhadores em greve e oferecendo incentivos para garantir a presença de funcionários nos postos de trabalho.

Em nota enviada às redações, o STGSSP afirma ter recebido denúncias de trabalhadores das três insígnias que relatam pedidos de horas extra a trabalhadores que não aderiram à greve, assim como o recurso a funcionários de outras lojas para colmatar ausências. O sindicato denuncia ainda alegadas ofertas de pagamento de despesas de transporte, apresentadas como forma de pressão para assegurar que os trabalhadores se deslocassem ao trabalho.

Segundo o sindicato, estes comportamentos configuram “uma forma de pressão sobre os trabalhadores” e uma tentativa de “violar a lei”, comprometendo o direito à greve. A estrutura sindical afirma que vai continuar a acompanhar a situação e não exclui que possa tratar-se de uma ação concertada, lembrando declarações anteriores da APED, que antecipava ausência de perturbações no setor.

Na quarta-feira, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) já tinha garantido que a greve geral não iria afetar o funcionamento dos supermercados, afirmando que não estavam previstas perturbações nem riscos de escassez de produtos.

Lidl nega acusações

Em resposta à SIC, o Lidl Portugal rejeitou “quaisquer alegações de substituição ilegal de trabalhadores grevistas” e negou ter oferecido “benefícios adicionais”. A cadeia afirma pautar-se pelo cumprimento do Código do Trabalho e pelo respeito “integral” do direito à greve.

Pingo Doce sem resposta

Até ao momento da publicação da notícia, o Pingo Doce não respondeu aos pedidos de esclarecimento.

SONAE reage às acusações envolvendo o Continente Bom Dia

Contactado igualmente pela SIC, o grupo SONAE, responsável pelos supermercados Continente Bom Dia, respondeu afirmando que “rejeita qualquer prática que viole o direito à greve e assegura que todas as orientações internas seguem estritamente o Código do Trabalho”.

Numa nota enviada, a empresa afirma:

“O Continente e o Continente Bom Dia respeitam integralmente o direito dos trabalhadores à greve. Não damos orientações para substituir trabalhadores grevistas nem oferecemos quaisquer incentivos que contrariem a lei ou pressionem os colaboradores. Estamos a averiguar as denúncias e colaboraremos com as autoridades sempre que necessário.”

A SONAE acrescenta que mantém uma política de “transparência e diálogo” com trabalhadores e estruturas sindicais e reforça que “o normal funcionamento das lojas nunca pode ser assegurado à custa da violação de direitos laborais”.

Foto: Redes Sociais