Portugal/Eleições: AD vence sem maioria mas com crescimento do Chega

Portugal/Eleições: AD vence sem maioria mas com crescimento do Chega

10/03/2024 0 Por Angelo Manuel Monteiro

A Aliança Democrática, coligação dos partidos PSD, CDS e PPM, parece estar à frente nas eleições legislativas, mas a margem é tão estreita (79 contra 77 deputados) que os resultados nas votações no estrangeiro – ainda desconhecidos – podem alterar tudo. De facto, se a distribuição de deputados nos círculos eleitorais da Europa e fora da Europa for semelhante à de há dois anos (três para o PS e um para o PSD), poderá haver um empate no Parlamento.

A perspetiva de governabilidade parece ser difícil de prever, especialmente devido ao aumento exponencial do partido Chega – que passou de 12 para 48 deputados, pelo menos, a menos que consiga algum mandato nos círculos eleitorais no estrangeiro.

Luís Montenegro, líder do PSD, reivindicou a vitória nas eleições – mesmo que a Aliança Democrática termine com o mesmo número de deputados do que o PS, é quase certo que tenha mais votos – e expressou esperança de que o Presidente da República o convide para formar governo.

“Sempre afirmei que ganhar as eleições significava ter mais um voto do que qualquer outra candidatura e que só nessas circunstâncias assumiria as funções de primeiro-ministro”, disse ele. No entanto, ele garantiu que iria “honrar a sua palavra” dada durante a campanha, de que não formaria governo com o Chega, o que poderia dificultar o caminho para se tornar primeiro-ministro.

Por sua vez, Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, reconheceu a vitória da Aliança Democrática e afastou a possibilidade de um Bloco Central que viabilize a formação de governo e a aprovação do orçamento. “Vamos liderar a oposição. A Aliança Democrática não pode contar com o PS para governar. Não seremos nós a apoiar um governo da Aliança Democrática”, afirmou no final da noite, embora também tenha admitido que o Partido Socialista não iria “impedir” uma solução de governo.

Quanto a André Ventura, o grande vencedor da noite, salientou o fim da maioria de esquerda no Parlamento, que existia desde 2015, e sugeriu uma possível colaboração com o PSD para a formação de governo, falando em “maioria clara” na Assembleia da República: “Apenas um líder e um partido muito irresponsáveis deixariam o PS governar quando temos nas nossas mãos a possibilidade de formar um governo de mudança.”

A Iniciativa Liberal manteve-se como a quarta força mais votada, com 8 deputados. O Bloco de Esquerda passou para quinto lugar, com 5 deputados, agora à frente da CDU, que perdeu dois parlamentares (6 para 4). O Livre conseguiu formar um grupo parlamentar, com 4 deputados (antes tinha 1). O PAN manteve a sua líder, Inês Sousa Real, na Assembleia da República.

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