PGR acusa padre, antigo diretor de colégio em Santo Tirso, de seis crimes de perseguição

PGR acusa padre, antigo diretor de colégio em Santo Tirso, de seis crimes de perseguição

19/04/2023 0 Por Angelo Manuel Monteiro

A Procuradoria da República do Porto acusou um padre jesuíta antigo diretor geral do Instituto Nun’Alvres, em Santo Tirso, da prática de seis crimes de perseguição entre os anos de 2018 e 2019.

Em comunicado na sua página da internet, a Procuradoria da República da Comarca do Porto refere que na acusação, datada de 6 de abril, o Ministério Público (MP) considera existirem fortes indícios de que o agora acusado agiu contra os ofendidos com uma “postura de agressão laboral e de completo controlo sobre a atividade profissional destes”, perturbando-os a todas as horas dentro e fora do horário laboral, dando ordens constantes, exigindo respostas imediatas sobre assuntos que extravasavam as suas funções, “atingindo, por essa forma, a saúde física, psíquica e dignidade pessoal dos mesmos”.

Contactada pela Lusa, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ), à qual pertence o referido Instituto, também conhecido como Colégio das Caldinhas, esclarece que as acusações remontam a 2020 e “renova a sua confiança na dedicação, empenho e profissionalismo” do padre visado pela acusação.

Segundo o MP, “para fazer valer o seu poder”, o acusado “decidiu afastar de qualquer forma e por todos os meios, todos aqueles que, sob a sua direção, lhe levantassem qualquer objeção, lhe desagradassem ou desobedecessem em qualquer das suas exigências”.

O MP salienta que o clérigo recorria de “forma sistemática à humilhação, às ameaças veladas ou explícitas de procedimentos disciplinares e de despedimento, e à perseguição de várias pessoas, colaboradores das escolas e das instituições canónicas”.

Em 2020, uma notícia do jornal Público deu conta da existência de sete queixas-crime contra o clérigo em questão, uma arquivada segundo uma nota emitida à data pela PPCJ e reencaminhada à Lusa esta quarta-feira.

Na mesma nota, a PPCJ considerou que as acusações de que o antigo diretor estava a ser alvo inseriam-se “numa dinâmica (…) de resistência e de tentativa de condicionamento da liberdade de ação da Companhia”.

“É entendimento da Companhia que assim que foi indicado um novo diretor para o colégio [o padre agora acusado], instalou-se um clima de resistência interna ilegítima e coordenada por parte de alguns elementos diretivos, que foi crescendo e envolvendo outras pessoas ao longo do tempo. Uma resistência que se concretizou em várias ações, como abaixo assinados, queixas enviadas à estrutura hierárquica da Companhia e denúncias à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT)”, explicava então a instituição.

À Lusa, a PPCJ salientou, que as “queixas surgiram num contexto de um conflito laboral que se viveu no Colégio no passado, e que tem vindo a ser resolvido e ultrapassado”.

“Tal como já afirmado em 2020, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus renova a sua confiança na dedicação, empenho e profissionalismo do padre (…). Renova igualmente a sua confiança no normal funcionamento da Justiça e aguarda com serenidade pelo final deste processo”.

O Colégio das Caldinhas é um complexo educativo da Companhia de Jesus onde funcionam cinco escolas nas quais trabalham 250 educadores e estudam 1500 alunos.

Na sua edição desta quarta-feira, o Jornal Público dá conta do despacho de acusação do Ministério Público contra o antigo responsável do Colégio das Caldinhas.