Passadiços do Paiva celebram 10 anos e impactam Arouca com quase 2 milhões de visitantes e 8 milhões de euros no setor do alojamento

Passadiços do Paiva celebram 10 anos e impactam Arouca com quase 2 milhões de visitantes e 8 milhões de euros no setor do alojamento

22/06/2025 0 Por Angelo Manuel Monteiro

Os Passadiços do Paiva, que completam este mês uma década de existência, consolidaram-se como um dos maiores projetos turísticos de Portugal, atraindo visitantes de 141 países e gerando um impacto económico impressionante. Desde a sua inauguração, em 2015, quase 1,9 milhões de turistas percorreram os 8,7 km da trilha, que serpenteia ao longo das margens do rio Paiva, no Arouca Geopark, classificado pela UNESCO. No setor do alojamento, os efeitos são igualmente notáveis, com um impacto superior a oito milhões de euros.

Ao longo de uma década, os Passadiços do Paiva transformaram radicalmente a economia e o turismo de Arouca. A região, que antes da inauguração do projeto era pouco conhecida, viu o número de empreendimentos turísticos quase triplicar: de 10 em 2014 para 28 previstos para 2025. O alojamento local, que contava com apenas uma unidade em 2014, saltou para 140 estabelecimentos registados. O crescimento no setor das empresas de animação turística foi igualmente expressivo, passando de uma única empresa para 23 operadoras ativas.

A criação dos Passadiços também impulsionou o turismo de luxo, com a recente inauguração da primeira unidade hoteleira de cinco estrelas do concelho. Além disso, o turismo internacional se intensificou, com operadores turísticos sediados no Porto trazendo diariamente grupos, maioritariamente estrangeiros, para visitar a trilha e a ponte 516 Arouca, uma das maiores pontes suspensas de pedestres do mundo.

“Um antes e um depois”

Para Margarida Belém, presidente da Câmara de Arouca, o balanço do projeto é “extremamente positivo”. Ela destaca que os Passadiços do Paiva marcaram um “antes e um depois” para a região, mudando a forma como Arouca se projeta nacional e internacionalmente. “O impacto foi absolutamente avassalador”, afirma a autarca, que também ressalta que o sucesso dos Passadiços foi acompanhado pela adaptação constante da gestão do espaço, devido à alta procura, especialmente no verão. No início, a infraestrutura teve entrada livre, mas rapidamente se percebeu a necessidade de repensar o modelo de gestão, dada a massiva afluência de visitantes, que em 2015 já atingiu 300 mil pessoas durante a temporada de verão.

Além disso, a gestão do território e dos serviços turísticos foi intensificada, com foco na colaboração entre os diferentes agentes locais, como alojamento, restauração e animação turística, para garantir que a infraestrutura e os serviços estivessem prontos para responder à crescente demanda. A resposta à sazonalidade e aos incêndios também foi um desafio constante, com três encerramentos temporários devido a fogos florestais. No entanto, todas as áreas afetadas foram rapidamente restauradas e os Passadiços continuam a operar integralmente.

Qualificação e Diversificação como Prioridade

De acordo com Margarida Belém, a prioridade não é expandir os Passadiços, mas sim qualificar o que já existe. A autarquia está a focar-se na melhoria contínua da experiência dos visitantes e na diversificação dos pontos de interesse na região. O objetivo é tornar Arouca um destino turístico mais atrativo e sustentável, com novos projetos como a segunda fase de requalificação do Mosteiro de Arouca, o investimento em turismo de luxo e a promoção de atividades no setor corporativo.

“Queremos que os Passadiços sejam o ponto de entrada para Arouca, mas que a experiência não se limite apenas à trilha. Estamos a trabalhar para que todo o território seja um destino consolidado, atrativo e sustentável”, conclui Margarida Belém.

Com o sucesso dos Passadiços do Paiva, Arouca se consolidou como um dos destinos turísticos mais procurados de Portugal, sendo um exemplo de como a valorização do património natural e cultural pode transformar a economia de uma região e posicioná-la no mapa do turismo global.

Foto: DR