
Mais de mil manifestantes no Porto exigem fim do bloqueio a Gaza e libertação de quatro portugueses detidos por Israel
02/10/2025Mais de mil pessoas manifestaram-se esta quarta-feira, no Porto, em apoio à causa palestiniana e contra a detenção de quatro cidadãos portugueses por Israel, na sequência da interceção da Flotilha Global Sumud. A concentração decorreu na Praça D. João I, com bloqueios de trânsito e cânticos a favor da Palestina, num protesto que se estendeu por várias horas.
Marcada para as 19h00, a manifestação juntou dezenas de bandeiras palestinianas, cartazes exigindo a liberdade dos detidos e palavras de ordem como “Palestina Livre” ou “Viva a luta do povo palestino, Israel é um Estado assassino”. Cerca das 20h00, os manifestantes avançaram para a rua, bloquearam o trânsito automóvel e ocuparam parte da Rua Passos Manuel, onde continuaram a entoar cânticos contra a ofensiva militar israelita em Gaza.
A ação integrou-se numa mobilização nacional com manifestações em cerca de 20 cidades portuguesas, em solidariedade com a população palestiniana e em protesto contra a inércia do Governo português face à detenção de quatro portugueses que integravam a flotilha humanitária intercetada por Israel.
“O Porto e mais 20 cidades deste país dizem presente à chamada de solidariedade pela Palestina, à denúncia da incompetência e não presença do Governo português em toda a situação. Se o Governo não responde, respondemos nós”, afirmou Andrea Peniche, porta-voz da organização.
Entre os detidos pela marinha israelita encontram-se a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício, e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves, que integravam embarcações da Flotilha Global Sumud com destino a Gaza.
“Estas vozes vão romper o bloqueio, não apenas do Governo e da inação, mas também do bloqueio a Gaza. A sociedade civil tem sido capaz de mover montanhas que competia aos Governos mover”, acrescentou Peniche.
Carlos Martins, um dos participantes no protesto, coberto com uma bandeira da Palestina, considerou “inevitável” marcar presença:
“Somos humanos, eles são humanos. A empatia é extremamente forte. Esta é uma luta de todos.”
A manifestação foi acompanhada pela polícia, que redirecionou o trânsito para outras artérias da cidade. Em frente ao Teatro Rivoli, os manifestantes exibiram uma grande bandeira palestiniana e uma flotilha simbólica com barcos de papel, numa alusão à flotilha real que transportava ajuda humanitária para Gaza.
Uma cidadã polaca residente no Porto, que preferiu não se identificar, juntou-se ao protesto por se sentir “zangada com o genocídio” e criticou tanto o Governo português como o polaco pela sua passividade:
“Espero que protestos como este possam responsabilizar os governantes. A humilhação imposta aos povos é revoltante.”
A Flotilha Global Sumud viu mais de 90% dos seus membros detidos – cerca de 443 dos 500 participantes – quando tentavam furar o bloqueio marítimo imposto por Israel a Gaza. Apenas o navio de apoio jurídico “Summertime” permanece ativo no Mediterrâneo.
O protesto surge no contexto da guerra em Gaza, iniciada após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos. A resposta militar israelita já resultou em mais de 66 mil mortos, a destruição generalizada de infraestruturas, e uma grave crise humanitária, com centenas de mortes por fome, muitas delas entre crianças.
Foto: DR – Henrique Borges