Luís Filipe Menezes manda remover ciclovia da Avenida da República em Gaia

O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, anunciou esta sexta-feira o início do desmantelamento da ciclovia da Avenida da República, infraestrutura criada em 2024 pelo anterior executivo liderado por Eduardo Vítor Rodrigues. A decisão, divulgada pelo autarca nas redes sociais, foi imediatamente contestada por associações de mobilidade e por partidos locais.

A intervenção começou com a retirada dos pilaretes que delimitavam a ciclovia segregada, situada numa das principais artérias do concelho, no distrito do Porto. Menezes criticou a existência da via, defendendo que esta “condicionava a fluidez do trânsito” e “não servia os interesses da mobilidade urbana”.

A Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) reagiu negativamente à decisão. Em declarações à agência Lusa, Ana Guerra, dirigente da MUBi, lamentou que “não tenha havido qualquer debate público” e levantou “questões sobre a legalidade” da medida.

“Além de deixar de ser uma via segregada, o que coloca em causa a segurança de quem ali circula, temos dúvidas quanto à legalidade da decisão, uma vez que não passou pela Assembleia Municipal nem teve parecer técnico, como prevê o Plano Diretor Municipal”, afirmou.

A MUBi questiona ainda a utilização de fundos europeus no projeto original. Segundo a associação, a autarquia teria submetido uma candidatura ao programa Portugal 2030, incluindo 98 mil euros destinados à construção da ciclovia da Avenida da República.

“Se a câmara recebeu e utilizou fundos europeus para implementar a ciclovia como via segregada, a retirada dos pilaretes é ilegal”, sublinhou Ana Guerra, acrescentando que a associação está “a preparar formas de contestação e manifestação pública”.

A dirigente apontou ainda uma “contradição” com o discurso de posse de Luís Filipe Menezes, que, na terça-feira, afirmou pretender avançar com 25 quilómetros de novas ciclovias no concelho, mas que “começa o mandato ao destruir uma já existente”.

Também o Bloco de Esquerda de Vila Nova de Gaia se manifestou contra a decisão, através das redes sociais, criticando o facto de a medida ter sido tomada “sem um período de escuta pública ou discussão em Assembleia Municipal”.

A ciclovia da Avenida da República ligava o Jardim do Morro à D. João II, em ambos os sentidos, sendo partilhada com a circulação de autocarros no troço entre D. João II e João de Deus.

A polémica instala-se assim em Vila Nova de Gaia, com diferentes setores da sociedade civil a exigirem transparência e debate público sobre o futuro da mobilidade urbana no concelho.

Foto: FB- Luís Filipe Menezes