Habitação no distrito do Porto: preços sobem 326% em 10 anos, muito acima dos salários

Habitação no distrito do Porto: preços sobem 326% em 10 anos, muito acima dos salários

14/07/2025 0 Por Rmetropolitana

O preço das casas no distrito do Porto continua a subir a ritmo acelerado, com o concelho da Invicta a liderar como o mais caro da região. Segundo notícia do JN esta segunda-feira, o valor por metro quadrado no concelho do Porto atingiu os 3792 euros em junho de 2025, uma subida de 6% face a 2024 e de 326% nos últimos 10 anos. Em 2015, o preço era de apenas 1160 euros/m².

No mesmo período, o salário médio bruto nacional cresceu 139%, passando de 1094 para 1525 euros, ou cerca de 1150 euros líquidos, o que evidencia um desfasamento crescente entre rendimentos e custo da habitação. Já o salário mínimo subiu 172%, de 505 euros para 870 euros mensais.

O preço médio de venda de imóveis no distrito atingiu os 400 mil euros, com uma valorização anual de 14%. A nível nacional, os preços subiram ainda mais: 20%, para uma média de 419 mil euros. Na região Norte, a média situou-se nos 300 mil euros, também com uma subida de 20%.

Entre os concelhos com maiores subidas no distrito estão Felgueiras (+30,1%, para 1431 €/m²) e Baião (+21,9%, para 928 €/m²), este último ainda o mais barato. Já Matosinhos registou uma das maiores valorizações da década, com um aumento de 350% – de 956 para 3347 €/m² – sendo hoje o segundo concelho mais caro. Segue-se Vila Nova de Gaia, com 2687 €/m², um aumento de 298% face a 2015.

Apesar da subida generalizada, o ritmo de crescimento dos preços no Porto desacelerou em relação a outros concelhos. “Ainda não é o limite”, considera Manuel Vieira, presidente da Associação de Inquilinos e Condóminos do Norte de Portugal. Já António Frias Marques, da Associação Nacional de Proprietários, aponta que “os preços na Invicta já estavam muito altos”, o que pode explicar o abrandamento.

O fenómeno de valorização está também a empurrar populações para zonas fora dos grandes centros. “Os preços no interior têm aumentado muito”, admite Manuel Vieira, associando isso à pressão vinda de cidades como Porto e Lisboa. No entanto, para os proprietários, a fuga dos centros não se verifica em todos os casos: “Se dizem que as pessoas fogem para Gaia, acredito. Para Baião, não”, diz António Frias Marques.

Quanto ao mercado de arrendamento, o distrito do Porto mantém-se o mais caro do Norte, com rendas médias de 1200 euros, valor estável nos últimos meses. Em comparação, Aveiro e Braga rondam os 900 euros, apesar de variações mensais. Lisboa continua a ser o distrito com rendas mais elevadas, com média de 1700 euros, apesar de uma queda anual de 3%.

A análise do Idealista revela que oito dos 14 concelhos analisados atingiram máximos históricos no preço por m². Gondomar, por exemplo, ultrapassou pela primeira vez os 2000 euros/m², após uma subida de 9,8%. Maia teve um aumento de 7,4%, para 2181 €/m². Quatro concelhos — Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Trofa — ficaram de fora da análise por falta de dados.

Com os preços em constante escalada e os rendimentos a não acompanharem o mesmo ritmo, a crise da habitação é já vista como uma “ameaça à democracia”, alertam especialistas citados pelo JN.