
Greve encerra Museu Soares dos Reis e outros monumentos nacionais no feriado
05/10/2025Trabalhadores exigem compensações pelo trabalho em feriados; sindicato acusa Governo de inação
O Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, esteve encerrado esta segunda-feira, 6 de outubro, devido à greve dos trabalhadores de portaria e vigilância da rede nacional de museus, palácios e monumentos tutelados pela empresa pública Museus e Monumentos de Portugal (MMP).
A paralisação, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), afetou 38 equipamentos culturais em todo o país, incluindo alguns dos mais visitados, como o Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa), o Convento de Cristo (Tomar), a Fortaleza de Sagres, e as ruínas de Conímbriga.
O Museu Nacional Soares dos Reis — o mais antigo museu público de arte em Portugal e uma das principais instituições culturais do Norte — foi um dos espaços que confirmou à agência Lusa estar encerrado ao público durante todo o dia. Na mesma região, também o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, não abriu portas.
A greve incide especificamente sobre o trabalho prestado em dias feriados, tendo-se iniciado na Páscoa deste ano e vindo a repetir-se em datas festivas, sem avanços significativos nas negociações com o Governo.
“Desde a reunião com a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, a 15 de julho, não surgiu qualquer proposta concreta para os trabalhadores analisarem”, afirmou Orlando Almeida, dirigente da FNSTFPS, à Lusa.
Os trabalhadores reivindicam uma justa compensação pelo trabalho suplementar e em dias feriados, alegando que muitas vezes são obrigados a ultrapassar as duas horas extra previstas, sem pagamento adequado.
Segundo os sindicatos, os 38 equipamentos sob gestão da MMP geraram mais de 21 milhões de euros de receita de bilheteira em 2024, refletindo a forte procura turística e o papel essencial do património na economia cultural. Apesar disso, acusam sucessivos governos de ignorarem há anos as condições de trabalho dos profissionais da área.
A direção da MMP limitou-se a informar, por email, que continua a trabalhar e a manter “diálogo próximo” com os trabalhadores, sem acrescentar comentários sobre o processo em curso. A Lusa tentou novo contacto com a entidade esta segunda-feira, sem obter resposta.
A greve afetou museus em praticamente todas as regiões do país. Na zona Centro, apenas o Mosteiro da Batalha esteve parcialmente aberto. Em Lisboa, o Museu Nacional dos Coches manteve-se em funcionamento, embora com alguns funcionários em greve.
Com cerca de mil trabalhadores afetos aos equipamentos da MMP, o setor cultural público continua em protesto, à espera de respostas concretas da tutela.
Foto: DR _ Museu Soares dos Reis