Grande greve da função pública começa esta sexta-feira contra medidas do Governo

Grande greve da função pública começa esta sexta-feira contra medidas do Governo

23/10/2025 0 Por Angelo Manuel Monteiro

A Frente Comum inicia à meia-noite de sexta-feira, 24 de outubro, uma “grande greve” da Administração Pública, em protesto contra o que considera degradação das condições de trabalho e desinvestimento nos serviços públicos por parte do Governo.

Espera-se a adesão de professores, educadores, auxiliares de escolas, médicos, enfermeiros, trabalhadores dos transportes públicos, inspetores do Fisco e funcionários judiciais, entre outros. A paralisação abrange todos os trabalhadores do Estado, com motivos que incluem aumento salarial, valorização das carreiras, reposição do vínculo público e defesa dos serviços públicos.

O secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, estará presente às 00h00 no Hospital de São José, em Lisboa, e às 12h00 no Hospital de São João, no Porto. Na terça-feira, Oliveira advertiu que, caso o Governo mantenha o pacote de alterações à legislação laboral, todas as formas de luta, incluindo a greve geral, estão em cima da mesa.

O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, previu fecho de escolas e perturbações nos serviços de saúde e justiça, além de forte adesão em autarquias, serviços centrais da administração pública e setores culturais.

Também a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) convocou uma paralisação para sexta-feira, acusando a tutela de recusar negociar a carreira médica. A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, afirmou que a greve ocorre “por ter apresentado decisões que põem em risco a população”.

Professores, educadores e investigadores, convocados pela FENPROF, também vão aderir, reclamando melhores condições salariais e profissionais, bem como a valorização da escola pública e da ciência.

Segundo Sebastião Santana, os 760 mil trabalhadores da função pública têm um peso significativo na sociedade, e qualquer Orçamento do Estado que ignore estas necessidades revela “uma miopia grave”. Questionado sobre a margem para atender o aumento salarial mínimo de 150 euros ou 15% reivindicado, o sindicalista respondeu que existe capacidade financeira, mas depende de opções políticas, defendendo cortes em benefícios fiscais e no IRC.

A Frente Comum classificou ainda o pacote de reforma laboral como “vergonhoso” e a reforma do Estado como uma “terraplanagem dos serviços públicos”, criticando a criação da Agência para a Gestão do Sistema Educativo, que considera o primeiro passo para a desconstrução do sistema público de educação.

O Governo entregou o Orçamento do Estado para 2026 em 9 de outubro, mantendo aumentos salariais previstos no acordo plurianual de 2024, com 56,58 euros (2,15%) de subida em 2026, e extensão das progressões até 2029, num total de 1.248 milhões de euros em despesas com pessoal.

A Frente Comum representa 29 sindicatos de todos os setores da Administração Pública, convocando uma greve que promete impacto nacional e prolongado.

Foto: CGTP