Gaia lança novo plano municipal com enfoque na promoção da saúde

Vila Nova de Gaia apresentou esta quinta-feira, no Auditório Municipal Manuel Menezes de Figueiredo, o seu novo Plano Municipal de Saúde. A estratégia, desenvolvida em colaboração com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), pretende inverter a lógica tradicional da saúde pública: o objetivo agora é promover a saúde, e não apenas tratar a doença.

Com a sala cheia, Elisabete Ramos, investigadora do ISPUP e responsável pela apresentação do documento, sublinhou que a iniciativa assenta numa abordagem intersetorial e participativa, envolvendo instituições locais e a própria comunidade. A especialista defendeu que “a política tem um papel extraordinariamente relevante na saúde da população” e reforçou a importância da articulação entre “pessoas, animais e ambiente”.

O plano define cinco áreas prioritárias para os próximos anos:

• Alterações climáticas;
• Excesso de peso e obesidade;
• Saúde mental;
• Doenças de notificação obrigatória, como HIV, outras infeções sexualmente transmissíveis e tuberculose;
• Doenças transmitidas por vetores e zoonoses.

Segundo Elisabete Ramos, estes temas foram escolhidos pela sua elevada prevalência ou impacto nos anos de vida saudáveis perdidos, bem como pela sua natureza prevenível. A especialista destacou ainda que a inclusão de doenças como o HIV ou a tuberculose não indica uma situação mais grave em Gaia comparativamente a outros municípios, mas sim uma tendência nacional a que o plano responde de forma preventiva.

A componente ambiental também mereceu destaque. Foram apontadas questões como a exposição à poluição atmosférica e a subida da temperatura média no centro da cidade, que ultrapassou os 15,6°C em 2021. A acessibilidade a espaços verdes foi outro ponto identificado: mais de metade da população (52,7%) vive a mais de 300 metros de zonas verdes com mais de 5.000 metros quadrados.

O plano inclui ainda um eixo dedicado à gestão da saúde, com propostas de criação de sistemas de monitorização e planeamento integrado, num esforço conjunto entre a Câmara Municipal de Gaia, a Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE) e o ISPUP.

A elaboração do plano teve por base um diagnóstico participado, que envolveu oficinas da saúde, sessões de auscultação pública, grupos focais e questionários dirigidos às Juntas de Freguesia do concelho.

Na sessão de apresentação intervieram várias figuras de relevo, como o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, o vereador da Saúde, Dário Silva, o Delegado de Saúde Regional do Norte, Gustavo Tato Borges, o presidente da ULSGE, Luís Matos, a diretora executiva do Plano Nacional de Saúde 2030, Ana Sottomayor, e o investigador Milton Severo.

Foto: DR

Notícia desenvolvida por: Matilde Cardoso