
D. Manuel Linda defende realização de Sínodo Diocesano na peregrinação do Porto a Fátima
21/09/2025Sob o lema “Peregrinos de Esperança”, o bispo do Porto, D. Manuel Linda, presidiu este sábado à peregrinação diocesana ao Santuário de Fátima, onde lançou o desafio à reflexão sobre a realização de um sínodo com “dimensão pastoral global”.Na sua homília, bispo do Porto reforçou ainda a necessidade de escutar os fiéis antes de dar passos definitivos:
“Gostava muito, mesmo muito, que nos próximos meses, vá, digamos, cerca de meio ano, ter eco, receber o sentir das pessoas e os organismos sobre a sua necessidade e a sua possibilidade, e o impulso, o incentivo e o compromisso para o lançarmos. Penso que é urgente a sua realização. E para vocês, caros cristãos, também o é? Façam-me chegar o vosso discernimento.”
A peregrinação, que reuniu cerca de 70 mil fiéis e se insere no contexto do ano jubilar, foi também uma ocasião para valorizar a diversidade dos serviços e ministérios desempenhados na Igreja.
“Desde os bispos, preciosíssimos colaboradores para o bem da nossa diocese do Porto, até aos heroicos sacerdotes, aos prestimosos diáconos, acólitos, leitores e catequistas, todos formamos o tecido eclesial da nossa diocese. É impossível referir todos os que servem a Igreja, mas juntos fazemos dela uma família de irmãos. Temos aqui bebés com pouco mais de um mês de vida e temos um sacerdote praticamente com 101 anos e uma senhora quase com 103”, destacou.
Na sua mensagem, D. Manuel Linda deixou claro que a peregrinação jubilar não se esgota em si mesma:
“Com esta peregrinação, damos um sinal claro: queremos ser um Porto peregrino, um povo de Deus que não se instala, que se põe a caminho pelas vias da esperança. Este momento não pretende ser um fim, mas um arranque a toda a força para algo de novo e de belo, em ritmo conciliar e sinodal, em consonância com o tempo e a cultura.”
Sublinhando a dimensão comunitária da fé, afirmou:
“Não chegamos aqui desgarrados, solitários. Caminhamos, cantamos e rezamos. Caminhar juntos é o que define no essencial uma Igreja conciliar e sinodal.”
O bispo convidou os diocesanos a colocar os seus “carismas, habilidades e ministérios” ao serviço do Reino de Deus, tendo Maria como modelo de Igreja sinodal:
“Maria é uma figura da Igreja que escuta, reza, medita, dialoga, acompanha, discerne, decide e age. A escuta é a primeira dimensão a desenvolver: escuta de Deus, da Sua Palavra, mas também dos outros e da realidade que nos interpela. A segunda atitude é o discernimento e a terceira é a decisão e a ação. De Maria aprendemos a ser uma Igreja em saída, missionária e não enredada em estéreis e intermináveis discussões. Tenhamos sempre nos pés a pressa da missão.”
No final da celebração, em declarações à Rádio Metropolitana Porto, o prelado sublinhou a urgência de um processo que responda aos desafios da diocese:
“Julgo que está na hora de convocar um sínodo diocesano com uma dimensão pastoral global, sem desprezar a própria assistência e guia futura das comunidades. Dentro de uma década, o clero diocesano, já hoje tão sobrecarregado, baixará muito significativamente. Como assegurar os sacramentos e os sacramentais, a organização das comunidades e a atividade sociocaritativa representada, por exemplo, nos nossos centros sociais paroquiais? Como fazê-lo? Esta é uma urgência. Não para amanhã, era já para ontem.”
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