
Campanha renhida após anos de domínio de Rui Moreira
10/10/2025Após anos de liderança independente de Rui Moreira, que não se recandidata, a Câmara do Porto volta a estar em disputa direta entre os dois maiores partidos. Em 2021, PS e PSD não passaram dos 18%. Agora, a diferença poderá ser decidida em photo-finish, como sublinham as sondagens.
Na reta final da campanha para as eleições autárquicas, o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, encerrou a campanha social-democrata em Espinho, voltando a colocar o Orçamento do Estado no centro do debate político. Montenegro desafiou a oposição a reconhecer que o documento é positivo para o país e apelou aos eleitores para que escolham, no próximo domingo, presidentes de Câmara “qualificados e alinhados com o Governo”, de forma a garantir uma boa articulação institucional.
As declarações de Montenegro motivaram uma reação imediata do secretário-geral do Partido Socialista. José Luís Carneiro, que encerrou a campanha do PS no Porto, acusou o primeiro-ministro de ter cometido “um crime” ao pedir aos portugueses que votem nos candidatos mais alinhados com o executivo. Durante um comício em Valongo, Carneiro afirmou que Montenegro violou o dever de isenção e imparcialidade que assumiu ao tomar posse como chefe de Governo.
No Porto, o clima de disputa eleitoral entre os dois principais partidos intensificou-se nas últimas horas de campanha. De acordo com a mais recente sondagem da Pitagórica, divulgada esta semana, PS e coligação PSD/CDS/IL estão praticamente empatados, separados por apenas uma décima nas intenções de voto, o que deixa tudo em aberto até ao último momento.
Manuel Pizarro, candidato socialista à Câmara do Porto, percorreu o quarteirão da Praça da República à Câmara Municipal, na Avenida dos Aliados, numa arruada marcada pelos últimos apelos diretos ao voto. “Vota no Porto? Então no domingo não falhe”, repetia enquanto distribuía panfletos e canetas, reforçando a mensagem de proximidade com os eleitores. Pedro Duarte, o candidato da coligação de direita, escolheu a manhã no Mercado do Bolhão para mais uma ação de rua ladeado pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, onde aproveitou para se apresentar como um homem da cidade e apelar ao voto útil, argumentando que é a melhor escolha para liderar uma nova fase no executivo portuense.
Ambos os candidatos intensificaram os contactos diretos com a população, numa campanha marcada por abraços, apertos de mão e discursos focados na mobilização de indecisos. As trocas de acusações também subiram de tom: Pizarro garante ter os dois pés no Porto, ao passo que acusa Duarte de representar apenas os interesses do Governo; já o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares afirma conhecer a cidade “como as palmas das mãos” e rejeita qualquer ideia de distanciamento em relação às reais necessidades dos portuenses.
A disputa promete ser renhida, depois de anos de domínio do independente Rui Moreira, que decidiu não se recandidatar. A eleição deste domingo poderá marcar o regresso de um dos grandes partidos à liderança da Câmara do Porto, algo que não acontece desde 2009. Com os últimos apelos ao voto a soar nas ruas e os candidatos a queimarem os últimos cartuchos, só o resultado de domingo revelará quem conquistou a confiança dos eleitores.
Amanhã será dia de reflexão e domingo, dia 12 ficamos a conhecer o novo Presidente da segunda maior Câmara Municipal do país.
Foto: DR