
Bebé nasce no chão da receção das urgências do Hospital Santos Silva, em Gaia, sem assistência médica
06/10/2025Um bebé nasceu no passado sábado, 5 de outubro, no chão da receção das urgências do Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, sem qualquer assistência médica no momento do parto. Durante a expulsão, o recém-nascido caiu de cabeça, uma vez que a mãe não se encontrava numa maca e não teve apoio clínico imediato. Apesar do incidente, todos os exames realizados posteriormente indicam que o bebé está bem de saúde.
O caso está agora sob investigação, depois de o pai, Frederico Werpel Fernandes, ter apresentado queixa formal junto do hospital, da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e da Ordem dos Médicos, alegando negligência e violação dos protocolos de emergência obstétrica.
Em declarações à RTP, Frederico relatou que a sua esposa começou a sentir contrações e dores de parto ainda durante a madrugada. “Entrámos no hospital, foi feito o atendimento e infelizmente mandaram-nos voltar, porque estava com dois centímetros de dilatação, não era nada demais. Mas é o nosso terceiro filho e nós sabemos como é, a minha esposa tem os filhos muito rapidamente”, explicou.
O casal regressou ao hospital cerca de duas horas depois, quando as contrações ocorriam de quatro em quatro minutos. Ainda assim, segundo o relato do pai, os pedidos para que a mulher fosse assistida e colocada numa maca foram ignorados. “Pediram-nos para tirar uma senha. Gritámos que a criança ia nascer. Trouxeram-nos uma cadeira de rodas. Estavam dois polícias de um lado e dois bombeiros do outro e ninguém fez nada”, descreveu.
O parto acabou por ocorrer ali mesmo, no chão da receção das urgências. “O bebé nasceu, bateu com a cabeça no chão e a partir daí foi o desespero. Peguei nele, até que chorou e aí pedi socorro”, disse Frederico.
O hospital ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A IGAS e a Ordem dos Médicos deverão agora apurar se houve falhas no atendimento e se os protocolos clínicos e de triagem foram devidamente cumpridos. O caso está a gerar forte indignação nas redes sociais e levanta novamente preocupações sobre a resposta das urgências hospitalares em situações obstétricas de risco.
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