Pizarro critica “posição errada” de Jorge Sobrado por aceitar pelouro da Cultura na Câmara do Porto

Pizarro critica “posição errada” de Jorge Sobrado por aceitar pelouro da Cultura na Câmara do Porto

07/11/2025 0 Por Angelo Manuel Monteiro

O vereador e líder da lista do Partido Socialista (PS) à Câmara do Porto, Manuel Pizarro, classificou como “posição errada” a decisão de Jorge Sobrado, eleito pela lista socialista, em aceitar o pelouro da Cultura proposto pelo novo presidente da autarquia, Pedro Duarte (PDS/CDS-PP/IL).

Eu entendo que o sinal que os portuenses deram com o seu voto foi escolherem quem governa a câmara e quem deve fazer oposição. Desse ponto de vista, considero que a posição que Jorge Sobrado tomou é uma posição errada, que interpreta de forma errada o sinal que os eleitores do Porto deram”, afirmou Pizarro em declarações à Lusa.

O ex-ministro da Saúde fez questão de sublinhar que se trata de “uma questão política, não pessoal”, reforçando que o PS “percebeu o resultado das eleições”, reconhecendo que “não ganhou” e que, por isso, deve assumir “a função de servir o Porto na oposição”.

A decisão de Pedro Duarte surge após as eleições autárquicas de 12 de outubro, nas quais o novo presidente não alcançou maioria absoluta, conquistando seis dos 13 mandatos. Ao entregar o pelouro da Cultura a Jorge Sobrado, agora vereador independente, o executivo liderado por Duarte passa a contar com mais um vereador do que o PS, reforçando assim a sua posição na Câmara.

Durante a campanha eleitoral, Sobrado tinha sido apresentado por Manuel Pizarro como o futuro vereador da Cultura caso o PS vencesse as eleições — área que o próprio Pedro Duarte chegou a afirmar que pretendia manter sob a sua alçada.

O presidente da Câmara eleito, legitimamente, definiu que não queria estabelecer nenhum acordo com nenhum outro partido. Nós nem chegámos a discutir esse assunto. Pessoalmente, não posso dizer que estou satisfeito. Aceito esta decisão, mas considero que não corresponde ao voto do povo do Porto”, acrescentou Pizarro.

O socialista concluiu afirmando que este episódio demonstra que “a lista do PS tinha mesmo os melhores candidatos a vereadores”, reforçando que “não há ninguém fora da lista do PS que se qualifique melhor para ser vereador da Cultura”.

Este caso não é inédito no seio do Partido Socialista. Em fevereiro de 2022, a então vereadora do PS, Catarina Santos Cunha, saiu do partido para se juntar à lista independente de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.

Durante o anterior mandato, Catarina Santos Cunha, eleita pelo PS, foi integrada no executivo municipal independente, tendo-lhe sido atribuídos pelouros pelo autarca.

A decisão foi interpretada como uma estratégia de Rui Moreira para reforçar a sua governabilidade, enquanto a vereadora se desvinculava do PS.

Na altura, a situação gerou forte polémica interna, com Tiago Barbosa Ribeiro, então presidente da concelhia do PS do Porto e candidato à presidência da autarquia, a acusar Catarina Santos Cunha de premeditação, alegando que a vereadora teria planeado a saída do PS em troca de um lugar na vereação.

O novo episódio com Jorge Sobrado vem, assim, reavivar tensões antigas dentro do PS portuense, expondo divergências sobre a fidelidade partidária e candidatos independentes, assim como o papel da oposição no executivo camarário.

Foto: Rita Matos Braga/JPN