 
			Ramalde torna-se primeiro palco de tensão política para Pedro Duarte no Porto
30/10/2025A nova realidade política no concelho do Porto começou a ganhar contornos antes mesmo da tomada de posse de Pedro Duarte. Na freguesia de Ramalde, a coligação vencedora das autárquicas — PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal — sofreu uma derrota inesperada na eleição para a Mesa da Assembleia de Freguesia, abrindo um episódio que já está a ser lido como aviso político para o futuro executivo municipal.
O Partido Socialista conseguiu garantir a liderança da Mesa com o apoio simultâneo do Chega, do Livre e do movimento independente Fazer à Porto, de Filipe Araújo, ex-vice-presidente da Câmara. A conjugação destes votos permitiu a criação de uma maioria alternativa, travando a proposta da coligação de direita.
A reação não tardou. Miguel Corte-Real, dirigente do Chega no Porto, deixou um recado claro ao bloco liderado por Pedro Duarte: “Estamos aqui para fazer oposição. Habituem-se”, declarou ao Diário de Notícias, sublinhando que a posição do partido será definida “caso a caso”.
A coligação “Porto Somos Nós” considerou a votação um sinal de bloqueio político deliberado e criticou o alinhamento das forças opositoras: “O objetivo é apenas travar o trabalho do executivo da Junta de Ramalde, unindo todas as outras forças contra a lista da coligação”, afirmou fonte oficial, citando também declarações anteriores de Manuel Pizarro sobre o Chega.
O Chega rejeitou, contudo, qualquer acordo com o PS. Corte-Real argumentou que a votação refletiu falta de diálogo por parte da coligação vencedora e que os seus eleitos consideraram a proposta socialista mais adequada para fiscalizar o executivo — embora ressalvando que o voto é secreto.
Nas autárquicas de 12 de outubro, a coligação PSD-CDS-IL conquistou 40,79% dos votos em Ramalde, elegendo nove dos 19 membros. O PS obteve 30,02% (seis mandatos), o Chega conquistou dois eleitos, o movimento Fazer à Porto um e o Livre outro.
Este primeiro episódio em Ramalde deixa o aviso: a governação da cidade poderá ser marcada por alianças imprevisíveis e um xadrez político instável, com a oposição disponível para convergir quando necessário para condicionar a ação do futuro presidente da Câmara do Porto.
Foto: DR



