Arouca: Moradores de Alvite de Baixo contestam aprovação de edifício industrial em zona habitacional

Arouca: Moradores de Alvite de Baixo contestam aprovação de edifício industrial em zona habitacional

07/10/2025 0 Por Angelo Manuel Monteiro

A decisão da Câmara Municipal de Arouca de aprovar o licenciamento de um edifício industrial na aldeia de Alvite de Baixo, freguesia de Escariz, está a gerar forte contestação por parte dos moradores da zona. O alvará de construção n.º 118/2025, emitido a 14 de agosto, autoriza a instalação de um pavilhão destinado a atividades de serralharia pesada e metalomecânica em plena zona habitacional, o que tem motivado protestos da população.

Depois de uma intervenção presencial na última sessão da Assembleia Municipal, os moradores voltaram a manifestar o seu desagrado através de uma carta de opinião assinada por Fabiana Rocha, residente na localidade, onde questionam o impacto da decisão e pedem uma reavaliação urgente do projeto.

No texto, intitulado “Da paz ao barulho: indústria na aldeia, a que custo?”, a autora denuncia os riscos de ruído, poluição ambiental, degradação do solo e desvalorização do património habitacional. “Estamos a falar de uma atividade industrial com forte impacto sonoro, movimentação de veículos pesados e risco de poluição ambiental, num local onde os moradores sempre respeitaram exigentes regras urbanísticas para preservar o enquadramento natural”, pode ler-se.

Fabiana Rocha acusa a autarquia de incoerência, referindo que a decisão entra em contradição com os critérios urbanísticos aplicados aos residentes. “Quem vai querer comprar uma habitação no meio de um pavilhão industrial? Quem vai indemnizar a desvalorização das nossas casas e terrenos?”, questiona.

A contestação local também aponta para a existência, a apenas dois quilómetros do local em causa, de uma zona industrial já preparada para acolher este tipo de atividades. A pergunta lançada pelos moradores é direta: “Por que razão não foi essa a opção considerada?”

A Câmara Municipal de Arouca, contactada pelos moradores, justificou a aprovação com o cumprimento legal do processo de licenciamento. No entanto, essa explicação não convence os habitantes da aldeia, que alegam que a legalidade técnica não deve ser o único critério na tomada de decisões que afetam diretamente a qualidade de vida das comunidades.

“Não se trata de estar contra o investimento ou o progresso, mas de garantir que ele seja feito com equilíbrio, respeito pelo território e pelas pessoas que nele vivem”, sublinha a autora da carta.

A população promete continuar a lutar contra o avanço da construção industrial em Alvite de Baixo, exigindo mais transparência, bom senso e diálogo por parte da autarquia.

A controvérsia promete marcar os próximos tempos no concelho, num caso que levanta questões sobre ordenamento do território, participação cidadã e desenvolvimento sustentável.

Foto: DR