
Manuel Pizarro apresenta “nova visão” para a cultura no Porto com maior protagonismo dos criadores independentes
02/10/2025O cabeça de lista do Partido Socialista (PS) à Câmara do Porto, Manuel Pizarro, apresentou esta quarta-feira uma “nova visão para a cultura” na cidade, propondo-se a inaugurar uma nova fase cultural, com menos intervenção direta do município na programação e mais espaço para os criadores independentes.
Falando no espaço Maus Hábitos, conhecido polo de criação artística independente, Pizarro enalteceu os últimos 12 anos de governação municipal, liderados por Rui Moreira — os primeiros quatro em coligação com o PS — mas defendeu agora o início de um novo ciclo.
“A programação envolve sempre um certo condicionamento, uma leitura. Queremos que a leitura da cultura seja mais criativa, independente e dê espaço à cultura e à contracultura. A cultura também serve para questionar a nossa visão da cidade e do mundo”, afirmou o candidato socialista.
Ao lado de Jorge Sobrado, apresentado como futuro vereador da Cultura em caso de vitória eleitoral, Pizarro defendeu um papel mais facilitador por parte do município, em detrimento de uma presença dominante na definição da oferta cultural.
“O município deve ser um suporte, um pilar, mas não um hiperprogramador. Deve abrir espaço para que artistas, estruturas artísticas e o tecido cultural possam programar e criar livremente”, sublinhou Sobrado, que dirigiu o Museu e Bibliotecas do Porto entre 2022 e 2024.
A candidatura do PS estruturou a proposta cultural em “12 compromissos + 1”, entre os quais se destacam:
- A reabilitação do Palácio de São João Novo, como núcleo central do futuro Museu do Porto;
- A criação do Campus Manuela de Melo, em complemento ao Campus Paulo Cunha e Silva;
- A aposta em redes descentralizadas de criação e programação artística;
- A expansão da Biblioteca Errante e a reabilitação da antiga Casa da Câmara;
- A criação de um novo Festival da Palavra do Porto;
- A proteção do ecossistema musical em torno do centro comercial Stop;
- A criação do Museu da Indústria.
Pizarro anunciou ainda a intenção de propor ao Governo a transferência da gestão da Cadeia da Relação para o município, atualmente sob tutela do Estado, e onde funciona o Centro Português de Fotografia.
No que diz respeito ao financiamento da atividade cultural, a candidatura socialista propõe o programa “Porto Independente”, um modelo de apoio anual e plurianual à criação, coprodução, mediação, programação e internacionalização de projetos independentes, tanto emergentes como já consolidados.
Questionado sobre se estas medidas visam reduzir a dependência dos apoios da Direção-Geral das Artes (DGArtes), Manuel Pizarro rejeitou qualquer crítica direta, mas apontou limitações ao modelo nacional:
“Não se trata de menorizar o ecossistema cultural portuense, mas é evidente que os critérios geográficos da DGArtes, que englobam todo o Norte, são opacos. Ao criarmos mecanismos de apoio próprios, anuais ou plurianuais, estamos a facilitar a vida dos criadores — inclusive quando concorrem aos apoios nacionais.”
Corrida à Câmara do Porto conta com 12 candidatos
Além de Manuel Pizarro (PS), concorrem à Câmara do Porto:
- Diana Ferreira (CDU – PCP/PEV)
- Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM)
- Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL)
- Sérgio Aires (BE)
- Filipe Araújo (Fazer à Porto – independente)
- Guilherme Alexandre Jorge (Volt)
- Hélder Sousa (Livre)
- Miguel Corte-Real (Chega)
- Frederico Duarte Carvalho (ADN)
- Maria Amélia Costa (PTP)
- Luís Tinoco Azevedo (PLS)
Atualmente, o executivo municipal é composto por uma maioria relativa de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes lugares ocupados por dois vereadores do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se no próximo 12 de outubro.
Foto: DR- Manuel Pizarro