Universidade do Porto sob tensão: críticas da FAP e ameaças ao reitor em destaque no Parlamento

Universidade do Porto sob tensão: críticas da FAP e ameaças ao reitor em destaque no Parlamento

24/09/2025 0 Por Rmetropolitana

O presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Fernandes, afirmou esta terça-feira, durante uma audição na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, sentir-se “envergonhado” e “embaraçado” com as declarações do reitor da Universidade do Porto e do diretor da Faculdade de Medicina nas audições parlamentares sobre o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina. O dirigente estudantil frisou que aquelas intervenções não representam a generalidade da Universidade do Porto e pediu às famílias que não generalizassem a imagem transmitida nas sessões parlamentares.

O caso tornou-se público a 5 de setembro, quando o jornal Expresso noticiou que o reitor teria sido pressionado por várias pessoas para permitir o ingresso de 30 candidatos que não cumpriam os critérios mínimos exigidos, nomeadamente a obtenção de pelo menos 14 valores numa prova específica obrigatória. A Procuradoria-Geral da República confirmou posteriormente, a 18 de setembro, a existência de um inquérito a decorrer no Ministério Público relacionado com esta situação.

Durante a sua audição com caráter de urgência que decorreu na Assembleia da República, o reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira revelou ter recebido ameaças físicas dirigidas a si e à sua família, na sequência da controvérsia relacionada com o concurso especial de acesso à licenciatura em Medicina.

“Não houve só pressões. Houve ameaças físicas a mim e à minha família, que me vão fazer a folha. Chegou a este nível de mafiosice. Não estou a falar do ministro [da Educação] . Nunca mencionei o ministro”, declarou o reitor da Universidade do Porto,

Os candidatos envolvidos alegaram sentir-se gravemente prejudicados, uma vez que muitos tomaram decisões de vida com base na informação recebida, como mudar de cidade, abandonar empregos de vários anos, investir em imóveis e desistir de outros projetos académicos.

Por seu lado, o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto já reconheceu que houve um erro por parte de um vogal do Conselho Executivo, que utilizou incorretamente o termo “homologado” em vez de “retificado” num documento referente ao concurso. Essa falha levou ao envio de comunicações a 30 candidatos, informando-os da sua entrada no curso de Medicina, apesar de não reunirem os requisitos legais. A FAP exigiu, no mesmo dia em que foi tornado público o assunto, a abertura de um inquérito interno para apurar responsabilidades, e Francisco Fernandes voltou a destacar que a comunicação sem autorização do reitor não deveria ter acontecido, lembrando que “as regras não podem mudar a meio do jogo”.

Durante a sua intervenção no Parlamento, Francisco Fernandes lamentou ainda ter sido impedido de participar na reunião do Senado Académico de 17 de setembro, onde o reitor e a direção da Faculdade de Medicina prestaram esclarecimentos internos sobre o caso. Segundo explicou, foi excluído por alegadamente representar também o Politécnico do Porto, o que considerou injusto e incoerente, uma vez que nesse mesmo dia esteve a representar oficialmente os estudantes da Universidade do Porto noutra cerimónia. O Senado Académico é composto por representantes da estrutura universitária, incluindo o reitor, vice-reitores, diretores de unidades orgânicas, membros dos conselhos pedagógicos, associações de estudantes e trabalhadores.

Francisco Fernandes reiterou o seu desconforto com a forma como o processo tem sido conduzido, reforçando a necessidade de proteger a integridade da Universidade do Porto e de garantir justiça e clareza para todos os envolvidos.

Foto: DR