Encerramento surpresa da fábrica YFF II deixa 80 trabalhadores em choque e sem salários em Oliveira de Azeméis
01/09/2025A manhã desta segunda-feira ficou marcada pela revolta e incerteza entre os cerca de 80 funcionários da fábrica de calçado YFF II – Young Fashion Footwear, em Pindelo, Oliveira de Azeméis, que, ao regressarem das férias, encontraram os portões encerrados e apenas um papel afixado a anunciar: “Informamos que a empresa se encontra encerrada até novas ordens”.
A mensagem lacónica foi a única explicação dada aos trabalhadores, que denunciam estar com salários e subsídios em atraso. Segundo relataram, continuam por pagar o ordenado de julho, o subsídio de férias e também o vencimento de agosto.
“Foi um ato desumano. Sentimo-nos enganados”, lamentou uma das funcionárias à nossa reportagem, descrevendo o choque vivido ao regressar ao local de trabalho.
Os operários garantem que nada fazia prever esta situação. A produção decorria normalmente antes da pausa e, inclusive, foram feitas horas extraordinárias. “O patrão disse que pagava uma semana depois, mas não cumpriu”, contou um trabalhador, indignado com a forma como a empresa suspendeu a atividade.
O cenário de insolvência começa a ser admitido pelos próprios funcionários, que confessam não saber qual será o futuro da empresa. Entretanto, foi-lhes entregue uma carta assinada pela administração onde se justifica o incumprimento com “motivos económico-financeiros”, reconhecendo que não será possível liquidar os montantes em dívida no prazo legal de 15 dias.
O documento acrescenta ainda que “não é possível indicar data previsível para a regularização”, embora reforce a disponibilidade para prestar os “esclarecimentos necessários”. Contudo, os trabalhadores dizem que, até agora, a única resposta concreta que receberam foi que terão de “esperar” pelo desenrolar da situação.
O encerramento inesperado deixou um sentimento generalizado de revolta entre os cerca de 80 trabalhadores, que denunciam sentir-se abandonados. “Havia serviço, havia encomendas. Ninguém nos avisou de nada”, desabafou um dos operários aos jornalistas.
Sem salários, sem subsídios e sem garantias sobre o futuro da empresa, os funcionários ponderam agora recorrer a mecanismos legais de defesa dos seus direitos, num processo que se antevê longo e de desfecho incerto.
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