Presidente da Assembleia da República participa no 150.º aniversário dos Bombeiros Voluntários do Porto e alerta para falhas do Estado na prevenção de incêndios

Presidente da Assembleia da República participa no 150.º aniversário dos Bombeiros Voluntários do Porto e alerta para falhas do Estado na prevenção de incêndios

31/08/2025 0 Por Angelo Manuel Monteiro

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, marcou presença este domingo na cerimónia comemorativa do 150.º aniversário da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto, aproveitando a ocasião para alertar para as falhas do Estado na prevenção de incêndios florestais.

“É impossível nesta ocasião não falar da tragédia que o país viveu nas últimas semanas. Este ano arderam em Portugal 250 mil hectares, 60 vezes a área da cidade do Porto, perdemos quatro vidas humanas, propriedades, paisagem e território. É difícil olhar para tudo isto, ano após ano, sem pensar que o Estado tem falhado nas últimas décadas”, afirmou Aguiar-Branco.

O presidente do parlamento sublinhou que a falha do Estado não se restringe ao combate aos incêndios, lembrando que “quando um fogo começa é sinal de que algo já não estava bem anteriormente”. Lembrou ainda que, atualmente, manter um hectare de terreno limpo custa, em média, pelo menos 600 euros por ano, uma despesa significativa para pequenos proprietários num país de salários baixos.

Aguiar-Branco criticou a demora nos apoios públicos e a falta de diferenciação entre terrenos próximos de povoações e terrenos isolados. “Se há lição que temos de aprender é que a política florestal e o ordenamento do território não se podem construir à base de apoios que não chegam e de multas que ainda penalizam mais”, declarou.

Para o presidente da Assembleia da República, o Estado deve assumir responsabilidades preventivas ao longo de todo o ano, com medidas como cadastro das terras, gestão dos baldios, alívio de encargos e apoio aos silvicultores. “A responsabilidade é ter políticas integradas e não medidas avulsas. Além dos incêndios, é preciso pensar em desertificação, demografia, coesão territorial, ordenamento do território, economia verde, fundos comunitários, barragens, água e política ambiental”, acrescentou.

Aguiar-Branco defendeu ainda que o país precisa de políticos capazes de dialogar e de construir soluções duradouras, e não apenas de reagir às polémicas do momento. “No plenário vejo todos os dias este diálogo acontecer. Sei que é possível. O parlamento é o lugar certo para tomar estas decisões e mudar o que precisa de ser mudado”, concluiu.

Questionado sobre comentários do Presidente da República relativos a Donald Trump, Aguiar-Branco recusou fazer qualquer comentário.

Foto: Filipe Dantas