Incêndios voltam ao centro do debate político: Governo sob críticas e candidaturas presidenciais reagem

Incêndios voltam ao centro do debate político: Governo sob críticas e candidaturas presidenciais reagem

13/08/2025 0 Por Rmetropolitana

A gestão dos incêndios florestais em Portugal voltou a gerar duras críticas e acesas reações políticas, num momento em que o país enfrenta uma nova vaga de fogos, especialmente no norte e centro.

A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, afirmou esta semana que, em momentos de crise, “quem tem a responsabilidade da decisão precisa de tranquilidade e de sossego”, apelando a que se respeite o trabalho técnico e a coordenação dos meios no terreno. As declarações surgem numa altura em que autarcas, cidadãos e figuras públicas têm criticado fortemente a atuação do Estado no combate aos fogos.

Entre as vozes críticas está o presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, que em declarações à RTP manifestou indignação e consternação pela situação atual. “Deixem de brincar às eleições”, apelou, lamentando que, desde o início dos incêndios, apenas tenha recebido uma chamada do presidente da República, mas nenhuma do Governo. “Sentem-se à mesa. Deixem-se das tricas e truques políticos e façam um pacto de regime para salvar os portugueses”, insistiu. O autarca ainda expressou o cansaço generalizado: “Estamos fartos do que está a acontecer”, e lamentou a morte do ex-autarca de Vila Franca do Deão, vítima dos fogos.

Também o líder do PS, José Luís Carneiro, criticou a atual resposta governamental. Em declarações aos jornalistas em Paredes de Coura, no distrito de Viana do Castelo, apontou o dedo à “falta e descoordenação de meios” no combate aos incêndios e apelou ao Governo para que se reúna urgentemente com a Proteção Civil, de modo a avaliar o que está a falhar no terreno. Carneiro considerou que o Executivo está a “cometer um erro ao não declarar a situação de contingência”, o que poderia aumentar a capacidade de resposta e mobilização de recursos.

Um dos mais contundentes críticos tem sido o candidato à Presidência da República, Henrique Gouveia e Melo, que se mostrou indignado com a situação atual. “Quando vi que os três Canadair estavam inoperacionais, senti-me completamente envergonhado. Envergonhado enquanto agente do Estado, enquanto português, porque isto é o colapso da organização”, declarou num vídeo divulgado nas suas redes sociais. O antigo chefe da Marinha lamenta que, oito anos depois dos trágicos incêndios de 2017, o país enfrente “exatamente a mesma situação”, numa referência ao ano em que quase 120 pessoas perderam a vida.

Questionado sobre estas comparações, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitou qualquer paralelismo com o cenário de 2017.

Por sua vez, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem sido pressionado por críticas de autarcas e populações afetadas, particularmente no caso do incêndio que deflagrou a 2 de agosto em Sirarelhos, concelho de Vila Real. Confrontado com a falta de meios apontada pelo presidente da câmara local, Montenegro respondeu que o país dispõe de um dispositivo com cerca de 15 mil operacionais, assegurando que “todos os meios estão em prontidão”. Ainda assim, reconheceu que compreende “as manifestações de indignação de quem tem estado a sofrer com os incêndios”, reiterando que o Governo “está a dar o máximo” para mitigar os danos.

A crescente pressão política e social volta a evidenciar fragilidades no sistema de prevenção e combate aos incêndios florestais, num verão marcado por temperaturas extremas e uma vegetação altamente inflamável.

Foto: PSD