Inquilina desafia Diocese do Porto: “Daqui só quero sair para o cemitério”

Em causa a Venda de imóveis da Igreja que levanta polémica e provoca reações entre moradores antigos.

Recorde-se que em fevereiro deste ano, os moradores receberam uma carta da Diocese com a informação de que a ilha ia ser vendida a um promotor imobiliário de Fafe, distrito de Braga. No mês seguinte, chegou-lhes outra carta dando nota do direito de preferência. Mas os baixos rendimentos impedem-nos de adquirir as casas onde sempre habitaram.

A polémica em torno das recentes transações imobiliárias realizadas pela Diocese do Porto está a gerar tensão entre os inquilinos de longa data dos imóveis vendidos. Muitos vivem há décadas em casas agora alvo de processos de venda ou negociação, sentindo-se injustiçados e esquecidos. É o caso de uma mulher de 78 anos, residente há 56 anos numa habitação agora ameaçada pela nova gestão.

“Daqui só quero sair para o cemitério”, afirma, determinada, recusando abandonar o espaço que considera o seu lar. A septuagenária, que viu a sua vida construída naquela casa e nela investiu em diversas obras ao longo dos anos, mostra-se indignada com a possibilidade de ser forçada a sair.

“Já viu deixar a minha casa agora, aos 78 anos, e ir para qualquer sítio? Nem pensar! Não podem pôr-nos onde querem e lhes apetece, porque não somos sacos de batatas nem embrulhos que se ponham daqui para ali”, protesta. A moradora critica também a Diocese por não ter consultado previamente os inquilinos: “Se queriam vender, por que não trataram de saber se os inquilinos queriam comprar as casas?”

A denúncia desta residente junta-se à de outros moradores que reclamam falta de diálogo e de alternativas dignas. A situação levanta questões sobre os critérios éticos e sociais das decisões da Igreja em matéria de património, especialmente quando estão em causa famílias com dezenas de anos de ligação aos espaços agora vendidos.

Enquanto a polémica cresce, a septuagenária garante: “Estou aqui e não quero sair daqui. Se me quiserem tirar, vão ter que me arrastar.”

Foto: DR