Camisola Poveira Recebe Certificação Nacional como Produto Artesanal Tradicional

A produção tradicional da camisola poveira, uma peça de vestuário característica da Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, recebeu a certificação nacional do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), finalizando um processo iniciado em 2022.

Conforme anunciado num despacho publicado esta segunda-feira no Diário da República, a camisola poveira foi oficialmente reconhecida em 19 de fevereiro como parte integrante do registo nacional de produções artesanais tradicionais. Isso significa que a sua produção está agora protegida por um caderno de especificações, que inclui a delimitação geográfica da área de fabricação.

Com esta certificação, ratificada por uma comissão consultiva, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, enquanto entidade promotora, pode prosseguir com o registo da designação da produção junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Isso permitirá estabelecer, com base na história, geografia e tradição, as características desta peça de vestuário.

Foi estabelecido que a área de produção da camisola poveira engloba todo o concelho da Póvoa de Varzim, conforme definido no caderno de especificações, que também descreve detalhadamente as características e técnicas de produção, visando garantir a autenticidade e preservação da identidade deste produto artesanal.

Apesar disso, foram estabelecidas condições para uma inovação responsável, permitindo o uso de cores diferentes da tradicional (branca), desde que respeitadas algumas diretrizes específicas. O objetivo é preservar a tradição ancestral enquanto se incentiva a produção, valorização e divulgação deste produto.

Com mais de um século de história, a camisola poveira, originalmente usada pelos pescadores, tornou-se uma peça de traje festivo masculino e um símbolo emblemático da Póvoa de Varzim e da sua cultura.

Feita em lã natural de ovelha, de cor branca, e adornada com bordados a ponto de cruz em preto e vermelho, a camisola poveira evoca motivos marítimos, especialmente relacionados com a pesca.

O processo de certificação das características e da área geográfica de produção da camisola poveira começou em 2021, após a estilista norte-americana Tory Burch lançar uma peça muito semelhante em sua coleção, promovida como inspirada na cultura mexicana. A situação gerou controvérsia e levou a uma ação judicial para reparar os danos culturais, resultando na retirada do produto de venda e num pedido de desculpas por parte da estilista, que se comprometeu a colaborar com a autarquia local para apoiar os artesãos locais.