Peça de Teatro Reflete Julgamento Público Sobre Resíduos Perigosos em Gondomar

Peça de Teatro Reflete Julgamento Público Sobre Resíduos Perigosos em Gondomar

01/02/2024 0 Por Angelo Manuel Monteiro

A partir desta quinta-feira, o Teatro Carlos Alberto, no Porto, apresenta a encenação “Tribunal Mina”, uma obra teatral que reflete o julgamento público sobre o caso de deposição de resíduos perigosos em São Pedro da Cova, no concelho de Gondomar.

Este é um episódio marcante para a comunidade local, uma vez que os responsáveis nunca foram identificados, deixando marcas profundas na memória coletiva.

Diante da absolvição dos seis arguidos acusados de depositar resíduos perigosos em São Pedro da Cova, a população, movida por um sentimento de injustiça, decidiu expressar o seu julgamento através do teatro.

“Isso é tóxico, prejudica as pessoas, prejudica as crianças, causa várias doenças. Precisamos pedir ajuda ao Presidente da Junta para remover esse perigo de nossa comunidade. Todo o povo se uniu e procurou o Presidente da Junta em busca de apoio para eliminar o risco”, relata um depoimento apresentado na peça “Tribunal Mina”, que fica em cartaz de 1 a 4 de fevereiro, produzida pela companhia Hotel Europa.

“A falta de responsabilização por este grave crime ambiental é o que gera indignação entre os habitantes de São Pedro da Cova e motiva nossa companhia. Queremos, através desta peça, procurar alguma forma de justiça social”, explica um dos diretores artísticos. “Vamos revisitar o processo, convocar novas testemunhas e alcançar um veredito pelo povo de São Pedro da Cova, que conviveu por 21 anos com esses resíduos sem ser ouvido ou chamado a testemunhar, buscando entender como esse caso aconteceu sem que houvesse responsabilizados pelo maior crime ambiental em Portugal”, acrescenta.

Os 320 mil toneladas de resíduos tóxicos são uma realidade que São Pedro da Cova não consegue esquecer. “O medo permanece em muitos moradores, pois nunca foi realizado um estudo sobre o impacto de conviver duas décadas com esses resíduos”, aponta André Amálio. “O Estado, responsável pela deposição dos resíduos, mostrou desinteresse pelo bem-estar da população de São Pedro da Cova, apesar de ter gasto o triplo para remover os resíduos posteriormente”, critica.

Ao final da apresentação, o desfecho do julgamento é decidido pelo público, que também pode assinar uma petição em defesa dos direitos da natureza e por compensações para a comunidade de São Pedro da Cova.

Foto: DR