Já começou o Circo do Coliseu Porto Ageas

Já começou o Circo do Coliseu Porto Ageas

12/12/2022 0 Por Rmetropolitana

(Texto de Mariana Oliveira)

O Circo do Coliseu Porto Ageas estreou este ano, no dia 9 de dezembro e vai prolongar-se até 8 de janeiro. Será possível contar com números de dança, magia, fogo, malabarismo, suspensão capilar, clown, rolla bolla, diabolo, roda da morte, entre outros.

O Circo será inspirado na fábula inacabada “Os Gigantes da Montanha”, de Luigi Pirandello. Rui Paixão, responsável pela direção artística, explicou, à Rádio Metropolitana Porto, a ligação entre o teatro e o circo deste ano.

“Foi um grande desafio, porque eu não venho do circo, venho do teatro, a minha formação é em teatro. Então quando me desafiaram a fazer a direção artística deste espetáculo, o meu grande foco foi precisamente construir, talvez pela primeira vez, um espetáculo de teatro com circo e não de circo com teatro”, admite Rui Paixão.

Outra novidade será também o cenário, inspirado em videojogos e num deserto cyberpunk “que podia ser a versão infantil do Mad Max”. Esta inspiração está relacionada com o facto de a ligação às tecnologias acontecer em crianças cada vez mais novas.

“Uma das grandes preocupações é acreditar que, obviamente, o mundo está em mudança e não nos recusarmos a ela, sem prejudicar aquilo que já somos enquanto sociedade”.

Paixão acrescentou ainda que “estamos a ver um circo que não prescinde daquilo que é o mais tradicional, as músicas são do imaginário do circo tradicional, os números, muitos deles, são ligados aos números antigos do circo, mas depois criar um cenário que parece um videojogo, também para convencer os mais novos de que o circo é uma arte com futuro à qual eles se podem conectar”.

Ramón Galarza, responsável pela direção musical, esclareceu que a escolha da banda sonora “não foi muito pensada” e que os responsáveis foram Mónica Guerreiro, Presidente da Direção do Coliseu, e Rui Paixão.

“A Mónica conhecia um disco que eu gravei para o Chapitô e falou com o Rui e juntos consideraram que o reportório desse disco era o ideal para aquilo que eles queriam. Falaram comigo e a partir daí foi muito fácil, o que eu fiz foi usar esse reportório, alterar os arranjos, em função da banda que consegui montar, que é diferente da que tive na altura e em termos estruturais principalmente, porque tivemos de cortar umas músicas, esticar outras, de acordo com o desempenho dos artistas”, explicou Ramón Galarza.

Este ano, no Circo do Coliseu Porto Ageas existem artistas oriundos de 6 países, Portugal, Brasil, Costa Rica, França, Polónia e Rússia. Mónica Guerreiro revelou como funciona a escolha dos artistas.

“Nós vamos evoluindo, em 2020 tivemos 100% de artistas nacionais, foi um ano no qual estar do lado dos artistas que trabalham em Portugal e dum setor que estava muitíssimo desprotegido era essencial, muitos deles que vieram trabalhar connosco em 2020, foi o seu primeiro trabalho nesse ano”. Porém em 2021 já foi diferente, “foi um misto, tivemos alguns convidados de fora, também as carreiras de aviação aérea estavam um bocadinho mais normalizadas e já podíamos confiar que conseguiriam vir”. Relativamente ao corrente ano, referiu “estamos a trabalhar em condições normais, temos um elenco 50/50, entre portugueses e estrangeiros”.

O objetivo foi procurar artistas com “técnicas circenses específicas”. “Não que não haja muito talento cá, temos dezenas de artistas que já pisaram e continuarão a pisar esta pista de circo, mas estávamos à procura de artistas que dominassem determinadas técnicas este ano”, justificou a Presidente.

Existem novos serviços de acessibilidade, com sessões em língua gestual portuguesa e audiodescrição.

“Efetivamente há uma percentagem grande de população portuguesa que tem dificuldades no acesso aos equipamentos culturais, porque eles não estão preparados para receber todas as pessoas em condições de igualdade”, lamentou Mónica Guerreiro.

Segundo Mónica Guerreiro, o objetivo é ir transformando, ano após ano, o Coliseu num espaço cada vez mais “inclusivo e democrático”.

“Este é um espetáculo que vai estar em cartaz durante um mês inteiro, é muita gente, são muitas famílias que, se o circo não tiver esses serviços de acessibilidade, não poderão vir”, sublinhou.

Por fim, deixou um convite, “se as famílias quiserem vir assistir ao Circo de Natal do Coliseu, vão encontrar uma experiência divertida, com muita animação e com uma mensagem muito importante para esta época de Natal”.