Boavista FC alvo de buscas e Vítor Murta constituído arguido pela PJ

O Boavista FC foi alvo de uma operação de buscas da Polícia Judiciária (PJ) na manhã desta terça-feira, no âmbito de uma investigação que visa crimes de fraude fiscal, frustração de créditos e branqueamento de capitais. O ex-presidente da SAD, Vítor Murta, está entre os seis arguidos já constituídos.

Segundo comunicado oficial da PJ, a operação decorreu no Grande Porto e em Viseu, tendo cumprido dez mandados de busca. Em causa estão suspeitas de práticas criminosas ocorridas entre 2023 e finais de 2024, envolvendo um grupo de empresas ligadas ao setor desportivo, com lucros ilícitos estimados em cerca de 10 milhões de euros.

Entre os arguidos encontram-se o Boavista clube, a Boavista SAD e figuras como Vítor Murta, que liderou a SAD entre dezembro de 2018 e maio de 2024, tendo sido sucedido pelo antigo jogador Fary Faye. Já a presidência do clube passou em janeiro de 2025 para Garrido Pereira.

A investigação centra-se em alegadas manobras fraudulentas envolvendo dirigentes, contabilistas certificados, advogados e sociedades de revisores oficiais de contas. A PJ destaca a existência de contas bancárias de passagem em nome de terceiros, transferências internacionais de origem duvidosa e contratos de empréstimos cruzados que podem esconder ocultação de rendimentos, desvio de fundos e branqueamento de capitais.

Durante as diligências, foram apreendidos documentos e equipamentos informáticos com relevância para o processo.

O caso surge num momento crítico para o clube axadrezado. Despromovido da Primeira Liga na última temporada — pela segunda vez neste século —, o Boavista vive uma grave crise financeira. Neste verão, o clube falhou a inscrição na Segunda Liga e viu o seu pedido de licenciamento para a Liga 3 rejeitado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Apesar de ainda poder recorrer ao Conselho de Justiça da FPF, o Boavista arrisca-se a competir nos campeonatos distritais da Associação de Futebol do Porto. O clube e a SAD avançaram este mês com pedidos de insolvência, numa tentativa de travar execuções judiciais e o leilão dos terrenos do Estádio do Bessa.

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