Boavista em Recuperação: Assembleia Geral mobiliza 600 sócios e define setembro como mês decisivo

O Boavista Futebol Clube vive um dos momentos mais críticos da sua história recente. Este sábado, mais de 600 sócios acorreram ao Estádio do Bessa para participar na Assembleia Geral extraordinária, convocada para a apresentação e esclarecimento do Plano de Recuperação. A afluência foi tão significativa que formou-se uma longa fila à entrada, apenas dissolvida às 15h30, uma hora e meia depois do início previsto para a sessão.

Os associados, reunidos na bancada poente, ouviram a Direção liderada por Rui Garrido reafirmar que o processo de insolvência em curso é de recuperação e não de liquidação, assegurando que o clube continuará em atividade. A Direção garantiu estar a negociar parcerias financeiras e consensos com os credores, num esforço para garantir a aprovação do plano na reunião marcada para 5 de setembro, considerada decisiva para o futuro do emblema axadrezado.

Apesar de a Direção ter elogiado, em comunicado, a “vitalidade, união e espírito de compromisso” demonstrados pelos sócios, muitos deixaram o estádio com um sentimento de frustração, criticando a ausência de medidas concretas que transmitam confiança na estabilidade futura do clube.

A situação do Boavista é resultado de um processo que se arrasta desde 2023. Nesse ano, foram identificadas graves dificuldades financeiras, com dívidas fiscais, processos judiciais e encargos salariais a ameaçarem a sustentabilidade do clube e da SAD. No início de 2024, a administração solicitou a abertura de um Processo Especial de Revitalização (PER), aceito pelo tribunal, garantindo proteção judicial contra a liquidação imediata.

Durante a primavera de 2024, sucederam-se negociações com bancos, fornecedores e o Estado para estruturar um plano de pagamentos, mas a ausência de investidores sólidos manteve elevada a pressão financeira. O impacto refletiu-se no verão, com dificuldades na gestão do plantel e na inscrição de jogadores, o que levou a Liga a acompanhar de perto a situação.

Em agosto, a Direção convocou sucessivas assembleias para prestar contas e apresentar aos sócios o Plano de Recuperação, mobilizando centenas de associados, mas também enfrentando críticas pela indefinição quanto a soluções de longo prazo. Agora, todas as atenções se voltam para 5 de setembro, quando a reunião com credores poderá definir se o Boavista consegue garantir a sua continuidade ou se arrisca um cenário mais dramático.

O futuro do histórico clube portuense joga-se dentro e fora do campo. Setembro será, assim, o mês decisivo para o futuro do histórico clube portuense, que procura não apenas sobreviver, mas também recuperar a estabilidade e competitividade que fizeram do Boavista um nome incontornável do futebol português.

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